terça-feira, 16 de maio de 2017

Porto

Foto publicada na revista "Vida Capichaba" (escrita com esta grafia, com ch), trazida à rede por Ronald Mansur, mostra o Porto da Barra do Itapemirim nos anos vinte do último século. Com um fluxo ainda considerável, em que pesem as dificuldades habituais na navegação pelo Itapemirim, a nossa região portuária ainda fazia jus a registro na imprensa em âmbito estadual.


terça-feira, 25 de abril de 2017

No balaio

Falamos de memórias bem vivas. Dois homens estão em seus animais de montaria. Chapéus para proteger do sol que, embora caminhando para o poente, ainda castigava os maratimbas que, certamente, estavam na lida desde muito cedo, desde antes mesmo de o sol surgir ao leste. Os balaios talvez estivessem cheios, talvez vazios. Deviam ter vendido tudo ou, então, estavam levando algum peixe para casa, para dar de comer aos seus.


Os homens passavam ao lado da antiga Igreja de Nossa Senhora da Penha, igrejinha dos anos vinte que seria mutilada nos oitenta. Talvez tenham pedido a benção dos céus. Era uma jornada que estava se encerrando. Vão para casa, descansar ou, quem sabe, ainda encontrar ânimo para remendar a rede, ajeitar um apetrecho aqui, outro ali. O hoje já foi e "amanhã tinha mais".

Ah, o balaio também pode carregar a saudade.

Foto compartilhada por Fábio Pirajá no grupo "Memória Capixaba".

sexta-feira, 14 de abril de 2017

Cartão de visita

A Praia Principal (ou Central) sempre foi o nosso principal cartão de visita para quem chega a Marataízes. Isso desde antes da supremacia do transporte rodoviário, a partir da década de cinquenta do último século, e a ligação da BR à nossa praia pela Safra x Marataízes. Os turistas que vinham de trem partindo de Cachoeiro passavam por Campo Acima, Vila e Barra antes de chegar ao "Largo da Estação" (aqui vai uma sugestão para batizar aquele local), no centro do principal balneário do sul do Estado. Dali caminhavam alguns metros e pronto: a "encantada" com suas areias brancas e finas e seu mar geralmente tranquilo.

As fotos que ilustram o post de hoje mostram certamente a visão que muitos visitantes tiveram por anos e anos ao chegar a Marataízes. É fácil imaginar a euforia de quem se deparava com esse cenário.

Estamos no fim dos anos setenta. A praia dividia com Guarapari a predileção sobretudo dos mineiros da Zona da Mata (Juiz de Fora, Ubá, Leopoldina, Cataguases, Muriaé, Miraí...). Famílias inteiras se programavam durante o ano para uma temporada que poderia durar meses. Quem não podia se dar a esse luxo, aproveitava feriados como o da Semana Santa e enfrentava algumas horas de estrada passando por Eugenópolis, Itaperuna, Bom Jesus do Norte, Apiacá (ou Santo Eduardo, se preferissem a estrada pelo estado do Rio de Janeiro), até chegar à 101.


Na Safra, o coração acelerava. Está chegando! A cana compunha a paisagem, mas os vidros dos carros vinham abertos (até porque falamos de um tempo em que o ar-condicionado nos carros talvez não existisse nem na imaginação daqueles que adoravam exercitar a "futurologia") para sentir a brisa que, muitos garantem, mesmo no alto da Graúna, trazia o cheiro do mar. De repente, os primeiros postes. É o sinal de civilização. Pescoços esticados procuram o mar. E ele surge. Alegria!


As imagens foram feitas em frente ao antigo "Chalé 70". Em direção à praça central, vemos uma pista dupla e o calçamento aparentemente recém-feito. Ao fundo, o edifício Carone sendo construído. A Igreja Matriz também se destaca, assim como o icônico Praia Hotel.

Os registros foram compartilhados na rede por Fabiano Marvila Moreira.

segunda-feira, 3 de abril de 2017

Elegância

A pose para ser retratado. Chapéus, ternos, postura altiva, o olhar quase sempre fixo no retratista. Uma aglomeração em frente à estação da Barra do Itapemirim, localizada na esquina das atuais avenida Simão Soares e rua Dr. Jaime Santos Neves. Não se sabe se chegavam, se partiam ou se apenas estavam por ali para observar o movimento das pessoas e cargas vindas de Cachoeiro e da região do Caparaó.

Anos quarenta do último século e o boom rodoviário ainda não havia engolido as ferrovias. Boa parte da produção cruzava o sul capixaba nos vagões e a cabotagem conferia intensidade ao porto da Barra que, embora precário em infraestrutura - um problema crônico que o acompanhou desde o início da navegação a vapor pelo Itapemirim, em fins do século XIX - ditava os rumos da economia microrregional. A elegância flagrante na imagem traz uma possível Belle Époque aos moldes locais, fruto desse vigor nas atividades portuárias.


O registro compõe o acervo da Família Soares, administrado por Ivilisi Soares de Azevedo. Esteve recentemente em exposição na antiga sede da Associação Cristã Beneficente - ACB, na Barra do Itapemirim.

quarta-feira, 29 de março de 2017

Sete casas

Tudo bem que a Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes ao fundo tenta roubar a cena, mas nós chamamos a atenção para outros personagens. Pés no chão, liberdade... Crianças brincam na rua conhecida como "das sete casas", no coração da Barra do Itapemirim dos anos setenta.

Infâncias e juventudes diversas foram forjadas com pés nos chão, nas ruas de terra da Barra, da Cidade Nova, do Centro e de tantos outros cantos que compõem nossa Marataízes. Sem qualquer exagero, podemos afirmar que essa fotografia consegue sintetizar o espírito, a atmosfera de uma época. Poucas geringonças eletrônicas, muitas brincadeiras nas ruas: pique-pega, pique-esconde, pique-alto, pique-bandeira, pique-qualquer-coisa, "boleba" (ou "bilosca" ou, ainda, "bola de gude"), pião, "golzinho fechado", pipa, guerrinha de mamona, entre tantas outras brincadeiras eram parte da rotina. Daria até para fazer uma enciclopédia das brincadeiras de rua (será que existe?).

Enfim, essa Barra ainda habita corações e mentes meio "sebastianistas", sabe?.. Será que, mesmo em sentido oposto à correnteza, ainda dá para resgatar esse espírito, essa atmosfera? Um tempo que corria mais devagar e que, ainda assim, passou depressa demais.


Imagem compartilhada por Isabella Marinuzzi.

segunda-feira, 27 de março de 2017

Longe

De um tempo em que as distâncias eram um pouco maiores, a nossa Pérola no início dos anos oitenta. A avenida ainda não era pavimentada do antigo "Chalé 70" em direção ao "Xodó", o que aumentava a sensação da "lonjura" entre o centro e aquele badalado point da época. Pausa. Um suspiro para o "Xodó". Outro grande para o "Veleiros"...


Registro de Sergio de Camargo Baena.

sexta-feira, 24 de março de 2017

Voo

Convidamos a todos para um voo ao ano de 1989.

Imagens fantásticas de uma Marataízes que deixou saudades. As ruas sem calçamento e a Praia Principal (ou Central) em seu formato original, com areias brancas e finas, chamam a atenção. Um dos primeiros "focos" do vídeo foi para a então recém-inaugurada ponte lingando a Barra do Itapemirim ao Pontal. Também merece destaque ocupação ainda não consolidada de diversos bairros do balneário, que ainda integrava o município de Itapemirim.

À Lagoa do Meio, um comentário especial. Bem maior do que hoje em dia, ela ocupava praticamente todo o lado oposto aos bairros Cidade Nova e Arraias. Conseguimos imaginar como a Lagoa do Meio poderia (e ainda pode, na verdade) estar em uma situação bem diferente daquela que, de forma triste, somos forçados a ver.

O filme é acompanhado de uma trilha sonora que nos faz entrar no clima de paz que ele nos transmite. Feito em uma manhã ensolarada a partir de um sobrevoo de ultraleve (os voos de ultraleve faziam muito sucesso na época), o vídeo, editado e compartilhado por Ronald Mignone a partir de imagens de Marcus Waiandt Filho, é um registro de uma época espetacular e, claro, extremamente saudosa.

Chequem os equipamentos de segurança e bom passeio!