terça-feira, 25 de abril de 2017

No balaio

Falamos de memórias bem vivas. Dois homens estão em seus animais de montaria. Chapéus para proteger do sol que, embora caminhando para o poente, ainda castigava os maratimbas que, certamente, estavam na lida desde muito cedo, desde antes mesmo de o sol surgir ao leste. Os balaios talvez estivessem cheios, talvez vazios. Deviam ter vendido tudo ou, então, estavam levando algum peixe para casa, para dar de comer aos seus.


Os homens passavam ao lado da antiga Igreja de Nossa Senhora da Penha, igrejinha dos anos vinte que seria mutilada nos oitenta. Talvez tenham pedido a benção dos céus. Era uma jornada que estava se encerrando. Vão para casa, descansar ou, quem sabe, ainda encontrar ânimo para remendar a rede, ajeitar um apetrecho aqui, outro ali. O hoje já foi e "amanhã tinha mais".

Ah, o balaio também pode carregar a saudade.

Foto compartilhada por Fábio Pirajá no grupo "Memória Capixaba".

Um comentário:

  1. Verdade. A foto revela bem não só a cultura, mas o espírito do local. Me lembro dos vendedores de abacaxi chegando na porta de casaída. Tinha ainda melão dagua, aipim, maracujá, farinhá e tantos outros produtos..

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