quarta-feira, 26 de agosto de 2020

O "Monte de ver Deus"

O desafio da pesquisa e, ainda mais, do ensino sobre a história local deve mover historiadores e professores da nossa região. Em que pese a dificuldade no acesso às fontes, muito devido ao doloso descaso sobre a história sul-espiritossantense - situação agravada quando se afunila a pesquisa no campo espacial ao tentar lançar luz sobre a região litorânea-sul-espiritossantense -, insistimos nesse ponto há algum tempo pela necessidade de amarrar os fios que tecem nossa identidade histórica e cultural. 

A professora e historiadora Laryssa Machado vem dedicando boa parte dos seus esforços nesse sentido. Utilizando diferentes plataformas, tem levado ao conhecimento dos alunos da rede municipal de ensino de Marataízes (e, claro, a toda a "rede mundial de computadores") parte das suas pesquisas sobre a história local através de aulas temáticas. No vídeo mais recente em seu canal, Laryssa fala sobre o "Monte Aghá", localizado no município-mãe Itapemirim.

Provavelmente sagrado para os índios que habitavam a região no período pré-colonial, o "Monte de ver Deus" era uma grande referência para viajantes que realizavam as famosas navegações costeiras pelo Brasil, assim como também eram as temidas "barreiras vermelhas" do Siri, as nossas falésias. 

Boa aula! 


quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

Colônia de férias

A imagem abaixo foi publicada em 1937 na revista "Vida Capichaba" (com "ch" mesmo) e foi trazida à rede por Ronald Mansur, grande pesquisador do acervo da publicação.

Ela mostra crianças e adolescentes praticando atividades físicas na praia da Colônia. Apesar de a imagem não contar com uma boa resolução, é possível ver as grandes dunas da praia.


É preciso contextualizar a publicação. Os preceitos eugênicos eram bastante aceitos em determinados setores da sociedade. Assim, o ideal - hoje rejeitado, claro - de "raça pura, forte, superior" tinha o seu lugar à época, como vemos na legenda da imagem, reproduzida a seguir:


segunda-feira, 19 de março de 2018

À exuberância da memória

Quando iniciamos o projeto "Memória Marataízes", há quatro anos, tínhamos a companhia de uma pequena ambição: reunir memórias, mesmo que esparsas, sobre nosso lugar. Conseguimos mais que isso. Aos poucos, mais pessoas foram chegando e compartilhando suas memórias entre si. Registramos algumas lembranças que corriam o risco de se perder. Tivemos a honra restabelecer contato entre velhos amigos com lembranças - algumas hilárias - em comum.

Em que pese o histórico descaso e a ignorância às vezes deliberada sobre aquilo que é "velho", "ultrapassado", não esmorecemos. Sabemos que o resgate, a preservação, a valorização e a divulgação dessas memórias são fundamentais para uma sociedade adoecida, cada vez mais desorientada em meio ao bombardeio pós-moderno e seu o apelo à velocidade e à novidade. O apelo àquilo que é efêmero e artificial tornou-se um concorrente desleal, um assassino de memórias.

Nesse sentido, ainda que aparentemente desconexas, as memórias têm um fio condutor que contribui para construir a identidade local. Por sua vez, manter a identidade, em nosso entender, é condição sem a qual não se pode falar em desenvolvimento sustentável.

Modestamente, assim tentamos cumprir a nossa função social, apesar de algumas dificuldades, que são naturais a um trabalho voluntário e sem qualquer tipo de financiamento (aliás, com algumas despesas). Somos um esforço, tímido, que também deseja lançar luz sobre a necessidade contínua de se fazer algo mais para a memória, a cultura e a história de Marataízes.

Entramos em nosso quinto ano de existência na confiança de que não estamos sozinhos. O carinho que percebemos nas memórias compartilhadas nos trazem essa certeza. A "Memória Marataízes" segue sua jornada.

sábado, 3 de março de 2018

Turcas

Uma imagem raríssima compartilhada por Marisa Gonçalves Mignone Paixão nos mostra o lazer de quatro mulheres dos anos quarenta em seu banho na Bacia das Turcas. Ao fundo, podemos ver a Igreja de Nossa Senhora da Penha.


quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Volta às aulas

Amanhã, 15 de fevereiro, os alunos da Rede Municipal de Marataízes iniciam o ano letivo de 2018. 

A Memória Marataízes deseja a todos, estudantes e pais, professores e demais servidores da educação, um ano de muito sucesso e grandes conquistas! 

As imagens que ilustram o post mostra o então prefeito de Itapemirim, João Bechara, inaugurando alguma reforma no Grupo Escolar Maria da Glória Nunes Nemer, na rua Nestor Gomes, cuja estrutura ainda abriga um dos mais importantes educandários do município, em meados da década de 1970.


A entrega da obra mobilizou a comunidade escolar. Dezenas de crianças e professoras posaram ao lado do governante.

Os registros foram compartilhados por Renata Seyr, professora da EMEF Maria da Glória Nunes Nemer.

sábado, 10 de fevereiro de 2018

Bora!

Uma multidão se reúne para esperar o trio na Avenida Atlântica lá pelos idos dos anos noventa. O som que embalava a galera era a axé music de grande qualidade, fazendo um carnaval que uniu centenas de casais (separou outros, é verdade) e que deixou saudades em muita gente.


Registro de Junior Pereira. 

sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Memórias de família em Marataízes

As imagens a seguir são uma relíquia. Compartilhadas por Marco Vivacqua, o filme tem um pouco mais de 17 minutos de duração e registra, em cores, a Marataízes nos anos sessenta. Uma outra Marataízes, claro.

Ao assistir ao vídeo, mesmo para quem não viveu a época retratada, não é difícil compreender os motivos que provocaram e ainda provocam a paixão de muitos pela Praia Encantada. É possível sentir a paz do lugar em diversos momentos.

Vemos a família Vieira-Secchin-Vivacqua reunida. Crianças se divertindo com seus brinquedos de madeira, almoçando na varanda da - agora demolida - casa do sr. Átila Vivacqua e em animados banhos na Bacia das Turcas.

Logo em seu início, o filme mostra a Barra do Itapemirim e, do outro lado, a comunidade do Pontal, ainda com pouquíssimas casas. Em seguida, vemos uma rápida cena de carnaval. Também um outro carnaval, claro.

A antiga Igreja de Nossa Senhora da Penha, em sua forma original, merece um destaque especial. Posicionada estrategicamente de frente para a Praia Principal, ela recepciona maratimbas que regressam de mais um dia de trabalho enquanto guarda aquelas crianças que gastavam suas energias no mar. Chama a atenção, ainda, o famoso "vôlei" que existia na praça central.

Um paredão verde margeia toda a praia. Relativamente protegidas, as encostas - hoje temos de lembrança a "matinha" da avenida Domingos Martins - compunham o cenário junto das castanheiras.

Hábitos e costumes da época, como o comportamento geralmente envergonhado diante da câmera, os trajes de banho e, sobretudo, o convívio familiar dão o tom a este documento. Registros que nos fazem repensar os nossos dias e valores.

Desfrutem.